Capítulo 11

Estela

O aeroporto parecia mais frio do que eu lembrava. Ou talvez fosse só o vazio que eu sentia por dentro. Meu pai e minha mãe estavam ao meu lado, tentando disfarçar a dor nos olhos, mas eu via. Eu sentia.

Segurei firme o passaporte e a passagem. Cada passo me afastava do que eu fui, e me aproximava do que eu precisava ser.

— Tem certeza disso, filha? meu pai perguntou pela terceira vez.

Eu respirei fundo.

— Tenho, pai. Pela primeira vez na vida, eu tenho certeza de algo.

— Você não quer... ele hesitou — não quer esperar mais um pouco? Ficar mais um tempo em casa?

Balancei a cabeça. Ele sabia que não era só sobre estudar fora. Não era só sobre a bolsa na Colúmbia. Era sobre fugir. Sobre curar. Sobre esquecer.

Minha mãe tocou meu braço com delicadeza.

— Você falou com ele?

Fechei os olhos por um instante, sentindo o nome dele martelar no fundo do peito.

— Não. E nem vou. Guilherme não precisa saber. E nem Luca.

Meu pai me olhou como se tentasse decifrar algo.

— Aconteceu alguma coi
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