Gustavo
Ela surgiu como uma rajada no meio do caos.
Eu estava de plantão na emergência quando ouvi o chamado no rádio, criança politraumatizada, em parada. A movimentação foi rápida, todo mundo correndo, e eu segui junto.
Quando cheguei na sala, ela já estava lá.
A nova pediatra.
Andréia Monteiro.
Sem titubear, com o olhar firme e a postura de quem não aceita perder. A mulher parecia ter nascido ali, no meio da urgência, entre monitores apitando e corpos pequenos lutando pra respirar.
Vi quando ela pegou o intraósseo, posicionou com precisão e inseriu como se estivesse lidando com uma boneca frágil. Cada passo que ela dava era calculado, técnico, mas tinha algo a mais... uma entrega que não se ensina em faculdade nenhuma.
Ela não era só bonita. Era brilhante. Intensa. Impossível de ignorar.
Na cirurgia, acompanhei tudo do outro lado da mesa. Em silêncio, só observando.
A forma como ela se comunicava com a equipe. Como não hesitava. Como falava baixo, mas fazia todo mundo escu