Andréia
O hospital estava no seu ritmo de sempre: corredores cheios, passos apressados, o som de vozes entrelaçado ao bip das máquinas. Eu cheguei mais cedo, embora meu plantão só começasse dali a algumas horas. Queria aproveitar para fazer algumas visitas aos pacientes e organizar alguns prontuários.
Seguia distraída, com a prancheta na mão, quando uma cena me parou.
Lá estava Gustavo, de jaleco impecável, encostado no balcão de atendimento, conversando com uma enfermeira nova. Eu a conhecia de vista, sempre sorridente, eficiente… e naquele momento, parecia rir de algo que ele tinha acabado de dizer.
Não era apenas uma conversa de trabalho. Havia proximidade demais. O sorriso dele aquele sorriso largo, que eu sempre imaginei só meu, estava ali, iluminando o rosto para outra pessoa.
Senti o chão sumir sob meus pés. O coração apertou, e meus olhos se encheram de lágrimas antes que eu pudesse impedir.
Olhei rápido ao redor, procurando a primeira porta que pudesse me esconder. Qualque