(Isabella)
Mesmo depois que a porta se fechou e o som dos passos dele desapareceu no corredor, eu continuei parada, encarando o nada. Minha mente repassava a conversa em um loop infinito. “A ponto de roubar você do seu marido...”. A audácia dele era tão absurda, tão inacreditável, que parte de mim se perguntava se eu não havia imaginado tudo. Não conseguia me concentrar no trabalho, as linhas do projeto na minha frente pareciam dançar. Peguei meu copo d’água, a mão um pouco trêmula, e tomei um gole longo, tentando acalmar o turbilhão de pensamentos e a estranha mistura de choque e... algo mais, algo que eu não ousava nomear.
Um momento depois, meu celular tocou, me tirando do transe. Era Clara. A voz dela, animada e cheia de energia, foi como uma lufada de ar fresco.
— Irmã! Visitei alguns apartamentos hoje, e teve um que eu adorei! É bem espaçoso, iluminado e tem três quartos. Perfeito para nós duas e o Benja. Vou te mandar as fotos agora.
— Ok — respondi, tentando soar normal.
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