Marta respira fundo, olha o relógio de pulso, sabe que já não tem muito tempo, precisa se apressar, segue observando o fluxo da cidade, com passos lentos e determinados até a sua caminhonete que já está bem perto.
Ela cruza a rua com uma das mãos apoiada em sua barriga enorme, sabe que em breve, terá os seus pequenos no colo e isso a faz sorrir. O suor escorre por sua nuca sob o calor abafado da cidade, e a vertigem ameaça dobrar seus joelhos. Ela inspira fundo mais uma vez, luta contra a tontura e continua.
E então, tudo acontece.
Um som cortante de pneus cantando rasga o ar. Um carro, em velocidade descontrolada, surge como um animal enlouquecido, avançando sobre Marta.
O impacto é brutal.
Seu corpo é lançado no ar e depois cai pesadamente sobre o asfalto quente. A dor vem primeiro. A consciência começa a se esvair. Seu último pensamento é um sussurro desesperado:
— Por favor… Lua e Jeff…
— Meu Deus! — grita uma senhora grisalha da calçada. Ela corre até Marta, agachando-se ao seu