Caio Ramos chega em casa como um furacão contido. O portão eletrônico se abre devagar demais para o seu gosto. A caminhonete freia com violência na garagem. Ele salta do veículo como se estivesse fugindo de si mesmo. O blazer vai parar na cadeira da sala, a gravata no chão.
O silêncio da casa é ensurdecedor. O mesmo silêncio que, até pouco tempo, ele gostava. Agora é um castigo.
Ele caminha até o bar, abre a porta do móvel sem cerimônia e saca uma garrafa de whisky envelhecido. Serve-se como se fosse água. Gole. Outro. Mais um. O líquido arde, mas não o suficiente.
Ela está grávida.
E não é de mim.
Com o celular em mãos, os dedos dele tremem de leve enquanto busca um número antigo, quase esquecido. Um contato que guarda para situações específicas e raras.
— Caio Ramos — atende a voz do outro lado, fria e objetiva.
— Preciso de um levantamento completo. Nome: Marta Maia. Quero tudo. Onde morou, com quem viveu, com quem dormiu, até o grupo sanguíneo. Se já teve animal de estimação, me d