capítulo 118

📓 Narrado por Miguel

— Viu o quê? — perguntei, o sangue fervendo, a voz arranhando no peito.

Lacerda respirou fundo, ajeitou o colarinho amarrotado e me olhou com aquele ar de quem se acha dono da situação.

— Eu vi ela, Satamini. — disse, calmo demais pra quem tava encurralado. — A Clara.

Na porta da clínica onde minha irmã faz tratamento.

O mundo parou.

Clínica.

A palavra me atravessou feito lâmina.

Ele percebeu. Claro que percebeu. E sorriu aquele sorriso torto, nojento, que ele usa pra cutucar ferida.

— Coincidência curiosa, né? — continuou, girando o copo na mão. — Eu esperando Bianca sair da sessão… E ela Sozinha. Cansada. Mas com aquele olhar... o mesmo olhar que ela tenta esconder quando tá contigo.

— Cala a boca. — rosnei, avançando um passo.

— Você devia ter percebido, Satamini. — ele rebateu, firme. — Devia ter olhado de verdade pra mulher que dormia do seu lado.

Minha mão fechou na gola dele com força, o corpo inteiro tremendo.

— Se você souber mais alguma c
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