📓 Narrado por Miguel
— Viu o quê? — perguntei, o sangue fervendo, a voz arranhando no peito.
Lacerda respirou fundo, ajeitou o colarinho amarrotado e me olhou com aquele ar de quem se acha dono da situação.
— Eu vi ela, Satamini. — disse, calmo demais pra quem tava encurralado. — A Clara.
Na porta da clínica onde minha irmã faz tratamento.
O mundo parou.
Clínica.
A palavra me atravessou feito lâmina.
Ele percebeu. Claro que percebeu. E sorriu aquele sorriso torto, nojento, que ele usa pra cutucar ferida.
— Coincidência curiosa, né? — continuou, girando o copo na mão. — Eu esperando Bianca sair da sessão… E ela Sozinha. Cansada. Mas com aquele olhar... o mesmo olhar que ela tenta esconder quando tá contigo.
— Cala a boca. — rosnei, avançando um passo.
— Você devia ter percebido, Satamini. — ele rebateu, firme. — Devia ter olhado de verdade pra mulher que dormia do seu lado.
Minha mão fechou na gola dele com força, o corpo inteiro tremendo.
— Se você souber mais alguma c