A chuva começou devagar, como se o mundo tivesse decidido sussurrar antes de gritar.
As primeiras gotas caíram sobre o telhado da cabana, deslizando pelas janelas e desenhando caminhos tortos de luz.
Alec ainda estava de pé, o cabelo caindo sobre a testa, os olhos fixos em mim.
E havia algo neles — algo entre raiva e saudade, entre querer ir embora e querer ficar pra sempre.
— Você não sabe o que diz, — ele murmurou, baixo, firme.
— Sei o que sinto, — respondi. — E sei que você me afasta toda vez que chega perto demais.
Ele deu um passo. Depois outro.
O som da chuva preenchia o ar, e o calor do fogo da lareira começava a vencer o frio.
— Eu te afasto pra te proteger, Anne.
— Proteger de quê? De sentir?
— De mim.
A voz dele quebrou.
E de repente, não havia mais distância.
O ar pareceu carregar eletricidade.
Meu coração batia alto demais, rápido demais, como se quisesse escapar do peito.
— Você me deixa louco, — ele disse, quase num sussurro.
— Então para de lutar. — As palavras saíram