Os dias no hospital começaram a passar mais lentos.
As horas se misturavam entre remédios, visitas e um tipo estranho de silêncio que já não doía tanto.
Talvez fosse o hábito.
Ou talvez fosse a esperança aprendendo a respirar dentro de mim.
Alec estava melhor.
Não muito, mas o suficiente pra reclamar da comida, zombar dos enfermeiros e pedir pra abrir a janela.
E esse “suficiente” era tudo o que eu precisava.
Naquela manhã, quando entrei no quarto, encontrei um som novo.
Algo que nunca imaginei ouvir ali dentro:
acordes.
Alec segurava um violão no colo — torto, pesado demais pro corpo dele, mas o sorriso que acompanhava era leve, sincero.
Dois rostos familiares estavam ao lado: Juju e Bia.
— Surpresa! — gritou a Juju, animada demais pro horário.
— Ele tem talento, viu? — completou a Bia, piscando pra mim.
Eu ri, confusa.
— O que tá acontecendo aqui?
Alec fingiu seriedade.
— Item número dois da lista.
Aprender violão (pra tocar pra ela).
O “pra ela” ficou suspenso no ar, e o coração me