O beijo aconteceu rápido demais.

Tão rápido que, por um instante, eu não soube se devia respirar ou congelar o tempo.

Kaio estava ali, parado diante de mim, com aquele olhar que mistura certeza e dúvida — e eu, cansada de esperar por respostas de quem sempre me deixava no meio do caminho.

Ele disse algo sobre eu merecer mais, sobre parar de correr atrás de alguém que não sabia o que queria.

E então se inclinou.

Devagar, cuidadoso.

Como se quisesse provar que podia ser o oposto de Alec — previsível, seguro, inteiro.

Quando os lábios dele tocaram os meus, eu senti... nada.

Nenhum incêndio. Nenhum descompasso.

Só o silêncio de quem beija pra tentar esquecer.

Mas o universo tem um senso de ironia cruel.

Porque, quando Kaio ainda me segurava pelo rosto, o portão rangeu.

E eu o vi — Alec, parado na entrada, a mochila caindo dos ombros, o olhar quebrado.

Por um segundo, ninguém se moveu.

O som do vento, o estalo da mochila batendo no chão.

E depois, a dor dele se disfarçando de orgulho.

— An