A manhã nasceu mansa, como se o sol tivesse medo de entrar demais no quarto 312.
As cortinas estavam semiabertas, deixando faixas de luz atravessarem o ar empoeirado, riscando o chão branco com um dourado tímido.
O violão de Alec descansava no canto, as cordas ainda vibrando de lembranças da noite anterior.
E Anne, encolhida na poltrona ao lado da cama, observava o rosto dele, tentando decorar cada traço como quem grava uma oração no coração.
O bip da máquina marcava o compasso da respiração dele.
Mais lento, mas constante.
E por um instante, ela quis acreditar que aquele som era uma melodia.
A canção que ele escreveu — a deles — ainda parecia ecoar em tudo.
Alec abriu os olhos devagar.
O mesmo olhar âmbar, agora mais calmo, mais fundo.
— Você não dormiu, né? — ele murmurou, com a voz rouca.
Anne sorriu, cansada. — Dormi sim... um pouquinho.
— Mentira mal contada. — Ele riu, e tossiu logo depois, abafando o som com a mão.
Ela se levantou, preocupada, ajeitando o travesseiro, o lençol,