Anne chegou em casa com o corpo cansado e o coração em desordem.
O hospital ainda estava nela — o som dos monitores, o cheiro do soro, a lembrança dos olhos âmbar que insistiam em sorrir, mesmo quando a dor era evidente.
Alec havia pedido que ela fosse descansar.
A mãe e Maikon fizeram coro com ele.
E, no fim, ela cedeu — não por vontade, mas por amor.
O táxi a deixou na calçada de casa pouco depois das nove da manhã.
O céu estava acinzentado, anunciando chuva, e um vento leve balançava as cortinas quando ela abriu a porta.
Tudo parecia igual: o sofá com a manta amarrotada, o violão encostado no canto, a caneca esquecida com um resto de café frio.
Mas, de algum modo, nada era o mesmo.
Anne deixou a bolsa sobre a cadeira e foi direto pro banheiro.
A água quente escorreu pelos ombros, dissolvendo parte do cansaço que grudava na pele, mas não o que pesava no peito.
Fechou os olhos e viu Alec sorrindo — o mesmo sorriso que ele lhe deu antes de pedir pra que fosse descansar.
— Vai pra casa