A manhã chegou devagar.
Não havia pressa em lugar algum — nem mesmo o sol parecia ter coragem de invadir o quarto todo.
Uma faixa de luz atravessava a cortina, tocando o rosto de Alec como um gesto de cuidado.
Por um momento, fiquei ali, apenas observando. O peito dele subia e descia num ritmo irregular, mas tranquilo o bastante pra me enganar.
O violão descansava encostado na parede, e a lista ainda estava sobre a mesa, dobrada do mesmo jeito que deixei.
Tudo parecia igual.
Mas não estava.
Quando me aproximei, percebi que ele respirava com mais esforço.
O som era leve, mas havia algo diferente — como se o corpo inteiro estivesse cansado de lutar contra o próprio tempo.
— Bom dia — murmurei, tentando soar leve.
Alec abriu os olhos, demorando um pouco pra focar em mim.
Mesmo assim, o sorriso veio.
— Você ainda tá aqui — disse, rouco.
— Onde mais eu estaria? — sentei ao lado dele, segurando a mão que já não tinha tanta força.
— Dormindo… ou vivendo um pouco.
— Isso aqui é viver, Alec.
E