O bip-bip-bip do monitor era o novo batimento cardíaco da existência de Olívia. Ela observou Ian adormecer, a mão ainda envolta na dele, até que sua respiração se tornou profunda e regular sob o efeito da medicação. Só então se permitiu soltar um suspiro que vinha de um lugar cansado de sua alma. Levantou-se com cuidado, cada músculo protestando contra as horas de imobilidade tensa, e saiu do quarto da UTI.
No corredor, o ar mudou imediatamente. Do silêncio carregado de dor e máquinas para o ar frio e vigilante da segurança. Matheus estava lá, uma torre de tensão e culpa encarnada, seus olhos escaneando o corredor sem cessar. Ainda ao seu lado, inesperademente Carla permanecia.
— Carla — Olívia disse surpresa, mas com um vislumbre de alívio genuíno. Ver um rosto familiar que não estava ligado àquele pesadelo era um bálsamo.
— Não me deixe começar — disse Carla, abrindo os braços. O abraço foi rápido, mas firme. — Você não deveria estar sozinha nisso.
Olívia anuiu, engolindo em seco.