O quarto de hóspedes na casa de Carla estava mergulhado em penumbra. O abajur deixava um círculo tênue de luz sobre a cama onde Léo dormia, respirando de forma tranquila, alheio ao caos que devastava o mundo de sua mãe. Olívia estava sentada no chão, encostada na parede, as pernas recolhidas contra o peito. As lágrimas haviam parado, mas o rosto ainda estava manchado, e os olhos, vermelhos, denunciavam horas de choro contido.
Cada vez que olhava para o filho, o coração se partia mais um pouco. Ele dormia tão sereno, tão bonito, e ela só conseguia pensar que Ian, o homem que mais amou e mais a destruiu, agora sabia. Sabia de tudo.
E com isso, podia tirar tudo.
Carla apareceu à porta, silenciosa, trazendo uma xícara de chá. Parou, hesitando diante da cena: Olívia no chão, os dedos entrelaçados, o olhar perdido no menino. Colocou a xícara na mesinha e se aproximou devagar.
— Você precisa dormir um pouco.
— Não consigo — murmurou Olívia, sem erguer os olhos.
Carla se abaixou ao lado dela.