O silêncio pairou entre eles como uma sentença, pesado e absoluto. Por um instante desorientador, Olívia questionou se seus ouvidos a traíam, se o sangue pulsando em suas têmporas havia inventado aquelas palavras. Até o vento noturno pareceu conter a respiração, deixando apenas o som fantasma de suas batidas cardíacas aceleradas.
— O quê? — Ela se virou lentamente, como se movendo através de um sonho pesado. — Matheus, repete o que você acabou de dizer.
Ele a encarou, as mãos cravadas nos bolsos do casaco, a postura rígida. Seu rosto mantinha a impassibilidade profissional de sempre, mas Olívia, que aprendera a ler as nuances mínimas de sua expressão, captou um brilho de desconforto nos olhos dele, uma sombra de culpa que ele rapidamente suprimiu.
— Você ouviu perfeitamente, Olívia — ele respondeu, a voz baixa, mas incrivelmente clara na quietude da noite. — Ian quer ver o Léo. Sozinho.
O mundo pareceu inclinar sob seus pés.
— Não — a palavra saiu como um reflexo, um instinto viscera