O sol da manhã filtrou-se pelas frestas das cortinas como um intruso gentil, pintando faixas douradas no chão do quarto de Carla. Cada raio de luz parecia uma zombaria cruel do turbilhão que habitava o peito de Olívia. Ela permaneceu diante do espelho por tempo suficiente para que seu reflexo começasse a parecer o de uma estranha, uma mulher com seus traços, mas com olhos de alguém que havia envelhecido décadas em uma única noite.
Sua mão trêmula segurava a escova de cabelo sem realmente usá-la. Cada movimento parecia exigir uma energia que ela não possuía. Como poderia transformar essa mulher pálida, com olheiras roxas e mãos trêmulas, em alguém capaz de enfrentar a tempestade que se aproximava? Ela tentou puxar os ombros para trás, endireitar a postura, mas o peso em seu peito a mantinha curvada.
— Por Léo — sussurrou para seu reflexo, as palavras saindo como uma prece secular. — Tudo por ele.
Do quarto ao lado, o som que tanto amava chegou até ela, o riso despreocupado de Léo, tão