O corredor da ala de terapia intensiva tinha cheiro de desinfetante e desespero.
A cada passo que dava, Olívia sentia o peso do silêncio, o eco distante de máquinas lutando contra o tempo.
Ela segurava o casaco sobre os ombros, o cabelo ainda úmido, os olhos cansados, mas havia algo em seu rosto agora, uma determinação que não existia antes.
Helena a guiou até a última porta do corredor.
— Ele pediu para ver só você — disse, com voz baixa. — Está... muito fraco, Olívia.
Olívia assentiu, respirando fundo antes de empurrar a porta.
O quarto estava mergulhado em penumbra.
A única luz vinha do monitor cardíaco e do abajur ao lado da cama.
Nicolau Moretti parecia uma sombra de si mesmo; o titã que um dia dominara metade da costa italiana agora era um velho franzino, o corpo consumido, os olhos fundos e marejados.
Mas ainda havia fogo ali.
O mesmo fogo ancestral que movia os Moretti desde o início.
Quando ela entrou, ele abriu os olhos, demorando alguns segundos até reconhecê-la.
— Olívia..