A chuva caía fina, quase imperceptível, mas constante.
Clara apertou o casaco contra o corpo enquanto atravessava o galpão abandonado nas docas, o mesmo que o incêndio havia quase consumido horas antes. O ar ainda cheirava a fumaça e metal queimado. Havia um eco de passos, o estalar distante de madeira úmida cedendo sob o peso do tempo.
Ela hesitou antes de cruzar a linha de luz fraca projetada por uma das poucas lâmpadas que ainda funcionavam.
O som de passos lentos ecoou do fundo, e a voz dele cortou o silêncio com a mesma suavidade letal de uma lâmina polida.
— Veio sozinha. — Alexander emergiu da sombra, vestindo uma camisa escura, as mangas dobradas, o rosto parcialmente iluminado pelo reflexo pálido das chamas distantes. — Que imprudente. Ou... corajosa?
— Você me mandou vir. — Clara respondeu, tentando soar firme, mas sua voz falhou por um instante. — Depois de tudo que fez, não me deixe esperar. O que está tramando agora, Alexander?
Ele a observou em silêncio, os olhos frios,