O relógio de parede daquele quarto de hospital anunciava o lembrete do tempo que continuava a passar, indiferente ao caos que reinava na vida de Olívia.
A porta rangeu suavemente quando Carla entrou novamente. Ela parou por um momento, observando a cena diante de si.
Olívia estava sentada na cama, seus dedos entrelaçados sobre o lençol imaculado, o olhar perdido na paisagem urbana que se estendia além da janela. Havia algo diferente nela, uma serenidade que não era paz, mas sim a calma estranha que segue após uma tempestade devastadora.
— Pensei que voltaria a dormir. — Carla disse, sua voz um sussurro cuidadoso que parecia respeitar a fragilidade do momento.
Olívia virou o rosto lentamente, e Carla sentiu um frio percorrer sua espinha. A mulher que encarava não era a mesma que ela deixara na noite anterior. Os traços eram os mesmos, mas nos olhos havia uma profundidade nova, uma escuridão conquistada a duras penas.
— O sono não vem — Olívia respondeu, sua voz rouca. — Quando fecho