O corredor do hospital se estendia como um túnel interminável, iluminado pela luz clínica e cruel das lâmpadas fluorescentes. Cada passo de Carla ecoava contra as paredes brancas, um som metálico e solitário que parecia marcar sua fuga. O cheiro penetrante de antisséptico e desespero a envolvia, uma combinação que lhe revirava o estômago e trazia memórias que ela preferia manter enterradas.
— Carla! — a voz que a perseguia era mais suave do que ela lembrava, mas carregava a mesma autoridade que outrora a fizera sentir-se segura. Agora, soava como uma ameaça. — Por favor, espera!
Ela não diminuiu o passo. Seus saltos batiam no piso de linóleo com uma determinação feroz, até que seus dedos encontraram a maçaneta da porta de saída. Foi então que seus passos foram interrompidos, não por força, mas por um toque leve em seu braço. Um toque que, apesar de suave, queimou como ferro em brasa.
Ela se virou tão rápido que seu cabelo cortou o ar. — Tire a mão de mim! — sua voz saiu como um rosnad