O ar era espesso, pesado, impregnado com o cheiro de terra úmida, ferrugem antiga e algo mais... metálico.
Sangue.
O próprio ar parecia resistir aos pulmões de Olívia quando a consciência retornou, lenta e dolorosamente. Cada inspiração era uma batalha, cada expiração, um suspiro rouco no silêncio opressivo.
A primeira sensação foi o frio. Um gelo úmido que subia do chão de concreto, penetrando seus joelhos através do tecido fino do vestido de noiva. Depois, a dor, uma pulsação surda e insistente na nuca, onde algo, ou alguém, a havia atingido. Memórias fragmentadas dançavam em sua mente: o jardim, as luzes, uma mão fechando sua boca, o cheiro adocicado do pano...
Onde estou?
O que aconteceu?
Seus dedos exploraram o espaço ao redor no escuro. As mãos estavam livres, sim, mas de que adiantava a liberdade em uma prisão invisível? A escuridão era quase absoluta, quebrada apenas por um único feixe pálido de luar que entrava por uma janela alta, cortina de tecido grosso pendurada e rota.