Os pneus do carro cantaram no asfalto molhado, mas Clara não se importou. Apenas girou o volante com firmeza, como se cada curva fosse uma forma de cuspir para fora a raiva que queimava dentro dela.
Ela apertou o volante com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos. A raiva latejava nela como uma veia prestes a estourar. Mas, ao invés de gritar ou chorar, o que fez foi rir. Um riso baixo, quase divertido, como quem finalmente via uma saída se desenhar diante de si.
Acendeu um cigarro com mãos firmes, tragou fundo e soltou a fumaça pela janela aberta. O vento noturno entrou e bagunçou os cabelos bem penteados, mas ela não se incomodou.
— Obrigada, Benjamin… — murmurou, guardando isqueiro com um estalar.
Tragou fundo, o sabor amargo queimando sua garganta, e soltou a fumaça devagar, observando o véu cinzento se dissipar pela janela aberta.
— Eu estava mesmo precisando de uma desculpa — murmurou para si mesma, soprando a fumaça devagar. — E felizmente o idiota do Benjami