cap 12. O segundo
Miguel veio até mim de repente, rápido, firme, como se quisesse atravessar meus pensamentos. Parou ali, bem na minha frente. Tão perto que eu senti o calor do seu corpo, o perfume amadeirado dele invadindo meu espaço. Seus olhos cravaram nos meus, intensos, escuros, perigosos.
Por um instante, achei que era o fim. Esperei o tapa. Esperei a ordem pra sair. Já tava até imaginando os cafetões me arrastando pelos cabelos, me batendo por ter estragado tudo. Mas aí, a voz dele me puxou de volta.
Miguel: O gato comeu a sua língua, Lupi?
Ele olhava fixo pra minha boca, e foi só então que percebi que estava prendendo a respiração. Soltei o ar devagar, tentando raciocinar. Era agora ou nunca.
Guadalupe: É… Eu…
Por que era tão difícil mentir mais uma vez? De qualquer jeito, eu teria que me entregar a ele. Então por que não dizer o que ele queria ouvir?
Miguel: Não acredito.
Ele nem esperou eu terminar. Se virou com um movimento seco, o maxilar travado, e me deu as costas. A tensão no ar parecia