Cap 21. Uma carta na manga
Um carro preto estacionou pouco depois de tudo acontecer. Portas se abriram com estalos secos e mãos frias me puxaram para dentro. Não disseram uma palavra. Os dois homens que vinham de moto ficaram para trás, observando o corpo inerte do homem que, segundos antes, tentava me violentar. Talvez estivessem procurando uma maneira de se livrar do cadáver. Talvez já soubessem exatamente o que fazer. Não era a primeira vez.
Por fora, eu estava estranhamente tranquila. Por dentro, devastada. Como se nada tivesse acontecido. O corpo reage ao trauma de formas curiosas: o meu apenas desligou. Um modo de proteção, talvez. Choque, diriam os médicos. A ficha ainda não tinha caído. Era como se tudo estivesse acontecendo com outra pessoa.
Um homem tentou me estuprar. Com a faca pressionada contra minhas costas, segurava meu cabelo com violência, respirando no meu pescoço, me tratando como um pedaço de carne. E então... tiros. Três. Disparados pelos próprios cafetões. O sangue dele me respingou. Eu s