POV: Dante
O silêncio me irritava. Era o tipo de silêncio que vinha antes da tragédia — e eu já conhecia o suficiente desse mundo para saber que o perigo nunca batia à porta fazendo barulho. Ele rastejava. Esperava. Atacava quando você baixava a guarda.
E eu não ia permitir que isso acontecesse.
Desde o dia em que Helena foi baleada, eu dormia pouco. E depois que descobrimos que Mel havia sumido, feito algum acordo sujo para desaparecer do radar, o pouco sono que eu tinha foi substituído por paranoia.
Passei a última semana mergulhado em ligações, ordens, rastreamento. Meus contatos estavam espalhados por toda a cidade, cruzando dados, invadindo sistemas, interrogando gente do submundo. Paguei caro. Ameacei. Mandei quebrar dedos. E nada. Era como se Mel tivesse evaporado. Um fantasma com sede de vingança.
— Verificaram os hospitais? — perguntei pela décima vez naquela manhã.
Bruno, um dos meus homens de confiança, assentiu do outro lado da sala. — Todos. Clínicas, laboratórios, farmác