Fiquei sozinha de novo.
O silêncio do quarto de hospital parecia mais alto depois que Dante saiu. Eu tentava não chorar, tentava fingir que estava tudo bem. Mas por dentro, era só ruído. Um grito surdo preso na garganta.
O monitor apitava em intervalos regulares, como se me lembrasse de que eu ainda estava viva. Mas só o que eu queria era viver com ele. Por ele. Porque mesmo que Dante dissesse que era perigoso, eu sabia — a verdadeira ameaça era não ter ele por perto.
Minhas mãos tremiam levemente sobre o lençol. E antes que a solidão afundasse de vez, ouvi um som familiar: passos. Leves, apressados. A porta se abriu de novo.
— Helena? — Era minha mãe.
Ela entrou com aquele olhar entre o susto e a reprovação. Estava com os cabelos impecáveis, mas os olhos cansados denunciavam que não dormia há dias.
— Meu Deus, o que aconteceu com você? — Ela veio até mim, tocando meu rosto com dedos frios e preocupados. — O hospital me ligou… você poderia ter morrido!
— Mas não morri — murmurei, tent