Saulo Prado
Sávio saia, Angelina chegava, desconfiei que se encontraram no elevador. Eu esperava uma resposta de Débora, que ela se mostrasse valente, batesse testa comigo.
Mas quando Angelina chegou, tudo que vi foi uma Débora vulnerável correr para os braços de Angelina bem no meio da recepção do escritório. Uma parte de mim quis virar o rosto, fingir que não vi. Mas vi. Vi aquela mulher que me tratou, há pouco, como um estorvo, como um fracasso, se desmanchando em lágrimas, buscando consolo em alguém que ela mesma tantas vezes deve ter ignorado. Aquilo me corroeu. Um lapso de arrependimento, uma fisgada de culpa.
Porque, no fundo, eu sabia.
Sabia que a bomba tinha partido de mim.
Eu denunciei.
Fiz de forma anônima, claro, porque covardes também sabem ser estrategistas.
Mas fiz. Fiz porque alguém precisava pôr um freio naquela merda, naquele antro disfarçado de justiça. Só não achei que fosse doer tanto ver o estrago.
Débora, tão cheia de si, agora tremia feito uma garotinha nos br