Angelina da Costa
Eu me sentia leve. Tão leve. Livre.
Leve como não me lembrava de ter sido em anos — ou talvez nunca tivesse realmente sido.
Meu corpo ainda carregava os vestígios do toque de Saulo, o calor dos beijos, a risada que dividimos ao tomar vinho no jardim, olhando as estrelas. Elas estavam lindas... Por que nunca as havia notado assim?
Ainda sentia o gosto do carinho que ele espalhou pela minha pele. A ternura do seu olhar.
E mais do que tudo: as borboletas pairando no meu estômago.
Borboletas. Aos quarenta e seis anos.
Quem diria?
Ri de mim mesma feito uma boba.
Mesmo sabendo que a semana seria complicada, cheia, exaustiva e tensa, tudo parecia diferente — as árvores, o balançar do vento nos galhos, o céu azul claro da manhã. Era como se o mundo tivesse mudado de tom, ganhado uma trilha sonora própria. E tinha. Eu nunca imaginei que sexo, colo, cuidado... alguém, pudessem mudar tudo assim.
Foi mágico.
Terminei de me vestir diante do espelho. Os cabelos soltos deslizavam s