Saulo Prado
— O que você vai inventar agora? — perguntei assim que atendi a ligação. — Não preciso te lembrar que somos adultos, não é? O seu desespero é tão grande assim?
A voz de Francesca veio carregada de mágoa e um ressentimento quase infantil.
— Você não está no meu lugar, Saulo. Nunca esteve. Nunca soube o que é viver à sombra de outra mulher. Eu sempre fiquei atrás da sua tia. Nunca recebi reconhecimento. Ninguém me escolhe de primeira. Só me procuram quando Débora Prado recusa, quando não têm outra saída. Eu sou a substituta.
Suspirei. Aquilo, pra mim, soava como um festival de frustrações. Fúteis. Repetitivas.
— E você acha que vai ser diferente ficando no escritório? Acha mesmo que o mundo vai te colocar no pódio só porque está obcecada por cargos? Me escuta: primeiro, eu nunca tive interesse em você. Segundo, eu já não gostava da sua pose de superioridade. E terceiro... depois do que você fez ontem, entrando na minha casa, nos vendo dormindo, e agora me ligando com essa am