Angelina Ribeiro
Ele não respondeu de imediato. O som do motor ligado preenchia o silêncio, junto ao murmúrio dos meninos já ajeitando-se no banco de trás.
Quando finalmente falou, a voz dele veio baixa, mas cortante:
- Não se preocupe, eu vou estar preparado da próxima vez.
Engoli seco, fechei o portão com mais força do que deveria e entrei no carro. Adson me olhava de rabo de olho pelo retrovisor interno, curioso. Atlas mordia o lábio, inquieto, como se pressentisse que algo estava acontecendo.
Girei a chave e puxei o carro devagar, vendo pelo canto dos olhos o veículo preto ainda parado, imóvel, como um predador esperando o momento certo.
- Mamãe... ele vai atrás da gente? - Atlas quebrou o silêncio, inseguro.
- Não vai não, filho. - Menti, porque no fundo eu já sabia.
Assim que virei a esquina, o reflexo escuro apareceu no espelho retrovisor. O carro de Saulo vinha atrás, mantendo distância, mas firme.
Adson soltou um suspiro impaciente.
- Eu disse que ele não ia desistir, o que e