Saulo Prado
Eu não podia negar, estava chateado com Angelina por ter escondido tudo, por não me contar, por me negar tanto tempo. Mas, ao mesmo tempo, me sentia o homem mais completo do mundo. Conquistar os meninos demoraria, mas eu daria meu jeito. Ela me deu dois filhos lindos, um com meu gênio explosivo, que era o verdadeiro desafio, e outro com o dela, mais acessível.
Apertei a mão pequena de Atlas, percebendo o olhar desconfiado.
- Me daria um abraço? - pedi, vendo-o erguer a sobrancelha.
Ele assentiu e passou os braços em volta do meu pescoço. Senti o cheirinho de perfume, com notas suaves de laranja, algo bom e reconfortante.
- Boa aula, tá? Posso vir te buscar? - perguntei, olhando para Angelina, que observava as salas, distraída. Algumas professoras espiavam pela janela, acompanhando a fofoca do dia.
- Se a mamãe deixar, e a vovó vier, pode. Mas o papai Diogo não vai sumir por sua causa, vai? - respondi, negando com a cabeça, a voz entalada na garganta. Não podia dizer o que