Angelina Garcia:
Eu tinha medo.
Muito medo.
Medo de tudo.
Medo de aquilo continuar… e medo de não continuar.
Andei pela casa como quem foge do amanhã que já bate à porta.
Quando o Doutor Saulo me alcançou, eu já estava na porta de saída. Ele vinha tranquilo, só de blusa preta, calça bege, cabelo bagunçado, chinelo nos pés… A própria confirmação de tudo o que havíamos feito naquela cama, naquele quarto.
Olhar pra ele não era mais o mesmo.
Quando passou por mim, indo direto em direção à saída, um calor me dominou. Eu me amaldiçoei por ter dormido… Apaguei depois da terceira vez?Quarta? Talvez.
O observei até ele sumir do meu campo de visão. Uma culpa me atravessou inteira, culpa por ter querido tanto.
A gente se encaixou no beijo… na cama… Eu até desconfiei de tanto tempo. E, no meio da confusão mental, me senti aliviada por não ter soltado nenhum peido vaginal. Eu morreria de vergonha.
Quando o carro azul parou na porta, segui até ele com passos lentos, contidos. Entrei no veículo