Saulo Prado
O maldito aparelho tocava insistentemente em algum canto do quarto, vibrando como um lembrete do mundo lá fora.
Levantei irritado, tateando até encontrá-lo em cima da cômoda. O nome "minha mãe" piscava na tela, mas eu não podia, não queria adiar o que estava prestes a acontecer.
— Não vai atender? — Angelina perguntou com a voz baixa, rouca, deitada entre os lençóis amarrotados. Suas pernas ainda tremiam, encostadas nos meus ombros há poucos minutos.
Olhei para ela no escuro, o corpo quente e vulnerável sob a luz tímida do abajur. Os cabelos ainda úmidos espalhados no travesseiro, a pele marcada pelas minhas mãos, e os olhos… merda, os olhos dela ficam ainda mais incríveis num pós org@mo.
— E te dar a chance de mudar de ideia? — murmurei com um sorriso torto, jogando o celular de lado, sem paciência pra realidade. Voltei para a cama, onde a única verdade era o calor daquela mulher.
Lá fora, a chuva caía densa, constante, como um pano de fundo perfeito para o que se passa