Angelina Garcia
Era só uma segunda-feira.
Mas meu corpo ainda carregava os resquícios do sábado. A lembrança do toque dele ainda vibrava na minha pele como um arrepio preso, como se eu tivesse dormido envolta num campo elétrico.
Vesti minha roupa mais neutra. Escovei meu cabelo com força. Usei batom claro. E sorri para mim mesma no espelho como se fosse possível.
Quando sai, Julia já estava em casa. Disse estar cansada, sono atrasado. Férias. Fiquei atenta, sim. O olhar dela dizia mais do que os lábios, mas eu confiei. Sempre confiei.
No escritório, o clima era tenso, a minha rosa, mal chegou estava indo para a lixeira.
Ainda intacta, bonita, se eu soubesse não teria deixado aquele senhor tira-la, com a gentileza dele, como o pouco de cuidado que restava. Eu não tive tempo para remoer, porém.
Os processos empilhavam-se como armaduras que me protegiam da lembrança. Cada página era um escudo, cada cláusula uma muralha.
Até que o alarme do celular vibrou.
Treino.
Pompoarismo.
Meu com