Angelina Ribeiro
O domingo passou por inteiro, arrastado, interminável. Por mais que eu tentasse me ocupar, limpar a casa, folhear um livro, até inventar tarefas inúteis, nada foi suficiente para afastar minha mente de lá... da casa de Saulo.
Eu queria acreditar que poderia simplesmente virar a página, como se não o tivesse visto, como se aquele encontro tivesse sido apenas um pesadelo do qual acordei. Mas não foi. Ele esteve ali, real demais, com o olhar que ainda me persegue e a presença que insiste em me prender, mesmo quando juro a mim mesma que estou livre.
E então havia o buquê. Aquele maldito buquê repousando na sala de estar, como se fosse um lembrete cruel. Cada vez que passava por ele, os olhos se voltavam sozinhos para as flores, e o cartão ecoava na minha memória com as palavras dele. Palavras que nunca deveriam ter me abalado, mas que mexeram em algo que eu escondi tão fundo dentro de mim que pensei estar enterrado.
Eu queria esquecer. Queria apagar. Queria ser forte o b