O inferno

Saulo Prado

Eu não concordava com a Angelina voltar pro trabalho tão cedo. Ela mal estava conseguindo dormir, tremia com qualquer barulho de carro, fingia que estava tudo bem, tendo pesadelos. Os olhos dela estavam sempre em alerta, como se algo ou alguém fosse surgir a qualquer instante e destruir o pouco de paz que ela estava tentando construir.

Conversei com a Débora, buscando uma solução, tentando tirar a Angelina do escritório por mais um tempo. E aí ela veio com aquela:

- Ela me foi passada pelo meu pai, Saulo. Não temos uma substituta, Lina sempre foi presente, nunca pensamos em outra pessoa, além disso é questão de confiança, responsabilidade, você sabe bem que ela sabe de tudo no escritório, tem coisa ali que eu nem sei onde fica, onde procurar, somente a Lina sabe. Ela me foi passada quando assumi o escritório, eu nunca pensei nisso, se ela não for trabalhar, eu também não ia, porque ia ficar perdida lá.

Débora falava como se ela fosse um bem herdado. Um móvel. Uma pasta.
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