Saulo
Atlas saiu ajeitando o perfume, e quando a porta bateu atrás dele, o quarto se encheu de um silêncio que me fez sorrir por dentro. Um silêncio que dizia tudo o que ela tentava negar.
Angelina se encostou na porta, mãos tensas na maçaneta, como se aquilo pudesse servir de escudo contra mim. Só que eu conheço cada movimento, cada respiro dela. Até quando finge força, o corpo dela entrega fraqueza.
- Saulo... - a voz saiu baixa, quase um sussurro. - Eu não quero que você confunda as coisas aqui dentro. Não quero que ache que pode decidir por mim na frente dos meus filhos.
Não consegui evitar a risada curta, debochada, que escapou dos meus lábios. Eu adoro quando ela tenta me dar ordens. - E você acha mesmo que eles não percebem a bagunça que existe entre nós? Quer que eu finja que não ligo?
As bochechas dela coraram na hora. Vermelhas. Quentes. Aquilo me inflamou ainda mais.
- Eu só quero paz, Saulo. Eles já têm confusão demais na vida... - insistiu.
Deixei o celular no criado-mudo