Angelina Garcia
Eu passei o domingo inteiro dolorida. Acabada. Com sono e inebriada. Já não sabia mais o que era sonho, o que era real, ou o que tinha sido apenas uma alucinação provocada por desejo reprimido demais, guardado por tempo demais.
O corpo todo latejava, quente como febre.
As pernas, pesadas. Os quadris moídos. Eu me sentia estranha… vazia e ao mesmo tempo cheia. Marcada. Tocada por dentro.
E tinha nome: Saulo Prado.
Quando meus filhos começaram a bater na porta do quarto, foi que despertei de verdade.
— Mãe, você tá bem? — Julia me tocou a testa com as costas dos dedos, curiosa.
Eu ainda me agarrava ao edredom como se fosse um esconderijo.
— Mãe, tô com fome! Tem nada pra comer nessa casa. — Junior apareceu à porta com a cara emburrada.
Eles começaram a discutir entre si, o de sempre e eu ali, olhando pro teto, besta comigo mesma.
Tentando entender o que tinha feito. E por quê.
Mas não tinha resposta.
Assim que eles saíram, eu fui atrás do celular, mas o som vindo do a