Saulo Prado
Sávio se afundava sozinho. Eu já estava por um fio com ele. E quando Angelina me disse que Débora não respondeu, entendi de vez. Estávamos à deriva.
Respirei fundo, mas a raiva me puxava pelos colarinhos. Me aproximei do cliente com os olhos faiscando, e por um segundo, juro, se dependesse de mim, eu mesmo o algemava e jogava a chave fora.
— Se soubesse que você mesmo iria se representar na tribuna, eu nem teria vindo. O que somos pra você, palhaços? — disparei, cruzando os braços.
Ele me lançou um olhar carregado de ódio.
— Acho bom você falar com aquela mulherzinha logo e dar um jeito de virar esse jogo. Ela tá ouvindo demais aquele povo de lá... muito enche-saco.
Avançou um passo. Não recuei. Os seguranças deram dois passos à frente, prontos, mas nem precisavam. Minha postura bastava.
— Abaixe o tom. — Minha voz saiu fria, dura.
— Eu não sou seu criado de mando. E muito menos quem firmou esse acordo podre contigo. A meritíssima não é sua empregada. Modere as palavras.