Saulo Prado
Foi com raiva. Com tesão. Com uma confusão tão densa que nem mesmo o álcool parecia capaz de dissolver.
Entrei no primeiro bar que me pareceu minimamente decente, mas eu... eu estava tudo, menos isso. Decente.
A imagem de Raul me dominava, o jeito como ele bateu, como não hesitou em lutar, como os olhos gritavam por algo que ele se recusava a perder. Angelina.
Eu devia recuar. Mas aquilo... aquilo só me atiçava.
Assim que encostei no balcão, virei dois copos de uísque sem pestanejar. As doses queimaram minha garganta, mas não o suficiente para apagar o gosto do fracasso.
Alguns rostos me cumprimentaram de longe, rostos que sabiam meu nome, não minha história. Sabiam que eu era o bastardo à frente da Prado. Só isso.
Bebi mais. Queria apagar. Queria esquecer o cansaço, os processos, a denúncia ignorada pela Corregedoria, o silêncio da Justiça. Será que ninguém levaria a sério? Será que fechei os olhos sozinho?
Estava enervado, embrutecido. Uma energia estranha me percorria