Saulo Prado
Ainda estava com os braços ao redor da cintura de Angelina quando o ex dela entrou.
Ela se afastou como se tivesse levado um choque.
E foi aí que os alertas acenderam dentro de mim.
A forma como ela desviava o olhar, evitava qualquer contato com ele, como se temesse... ou escondesse algo.
Uma pergunta me atravessou como navalha:
Será que eles ainda se envolvem?
Engoli em seco.
Era uma sensação miserável, a dúvida.
E mesmo com o gosto dela ainda na minha boca, mesmo depois da forma como ela se entregou no motel, eu me sentia como um estranho ali, dentro da casa dela.
Raul entrou com aquela arrogância silenciosa de quem acha que ainda é dono de tudo.
A casa, os filhos. E dela.
Andava com os pés sujos sobre o chão limpo. Como se ainda fosse o rei de um castelo que não existe mais.
Aquilo me incomodava de um jeito visceral.
A imagem da "família perfeita" me embrulhava o estômago.
A mulher que serve suco, o homem que chega do trabalho, os filhos esperando sorridentes pa