Angelina Da Costa
Quando Saulo me falou...
"Ele ainda te toca?" Meu corpo inteiro travou.
Queria dizer que não. Que Raul era passado. Que agora eu era dele, só dele.
Mas mentir... doía mais que admitir.
Raul ainda me toca. Passa a mão no meu braço como se ainda tivesse esse direito. Cheira meu cabelo como se meu corpo fosse propriedade dele. Invade minha casa, meu espaço, meu silêncio.
Hoje de manhã, ele me puxou debaixo da escada.
A voz baixa, suja, respirando no meu pescoço:
- Até quando vai sustentar essa palhaçada, Lina? O Ismael vai nascer... e você acha que isso vai ficar assim?
Tentei sair. Juro. Mas ele me agarrou pelo rabo de cavalo. Forte.
Tentou me beijar., A saliva dele bateu na minha bochecha e aquilo que um dia foi prazer virou náusea. Nojo.
Corri para dentro de casa, deixando o lixo para trás, ali mesmo na varanda. O coração aos saltos, a respiração rasgando meu peito. Me escorei na porta da frente tentando segurar o choro, limpar o rosto, não desabar.
Ele entrou no