Angelina Da Costa
Eu me sentia tensa, deslocada. Aquela festa, embora bonita com muita bebida boa e comida, me soava como mais um dia no escritório. Os rostos eram conhecidos, os sorrisos ensaiados... e, apesar de não estarmos de terno e gravata, os assuntos giravam ao redor dos mesmos velhos "casos".
Mas então, Rachel, a filha da senhora Rose, surgiu ao meu lado enquanto caminhávamos até o jardim.
- Meu Deus, não conheço ninguém que tá aqui! Me sinto mais perdida que cega em tiroteio - desabafou com um humor despreocupado.
Eu ri, cúmplice. Também me sentia assim, um peixe fora d'água tentando parecer elegante. Rachel era como a mãe, simples, mas sem papas na língua.
- E você é o quê? - perguntou me olhando dos pés à cabeça. - Porque olha... chamaram o médico da família, a fisioterapeuta, até o enfermeiro que fez o pré-natal da Cíntia, minha irmã. Você... bem...
- Secretária do escritório de advocacia - respondi, quase por reflexo.
Ela arregalou os olhos.
- Ou seja... também chamaram