Saulo Prado
- Será que vale a pena jogar no lixo tantos anos de estudo por um mero reconhecimento familiar?
A pergunta ecoava na minha mente enquanto observava o uísque balançando no copo de cristal. Estava apenas no quarto, algo que sempre foi banal para mim, mas me sentia zonzo, descompassado. Desde que cheguei a Sobral, meu organismo parecia ter perdido o compasso com a bebida. Ou talvez fosse a tensão, disfarçada de festa, que me fazia titubear.
Chamei um garçom com um aceno discreto e pedi uma água. Ele apenas perguntou sobre gás ou sem, preferi com gás, assentiu e saiu com rapidez. Ainda lidava com o turbilhão de pensamentos quando percebi a presença atrás de mim, imponente, persistente. Virei-me devagar
- Está tudo bem? - perguntou o homem de terno impecável, postura ereta e olhos que pareciam ver além da pele. O procurador Ribeiro.
Assenti, tentando compor o rosto.
- Acho que exagerei na bebida.
Ele franziu o cenho, desconfiado.
- Normal. Certamente não está acostumado a beber