Angelina da Costa
Fechei a porta do meu quarto com o coração acelerado. Era o meu refúgio, o único lugar onde eu me despia do mundo, onde cada canto guardava minha história e minhas cicatrizes.
E ali estava ela: Camila, uma estranha que eu conheci há poucas semanas, sentada na minha cama como se fosse íntima dos meus demônios. Ela sabia. Sabia de algo que eu jamais tiria coragem de contar a ninguém. Não foi confiança... foi desespero. Vergonha. Um grito abafado que só encontrou eco nela.
Mas porque?
Eu não sabia o porque naquele momento, e ela já estava ali, interessada no assunto.
Já tinha me indicado para sessão de terapia com a sua terapeuta, já tinha tido uma consulta com a sua sexologa, e agora nós duas estavamos no meu quarto, meu canto sagrado, ao menos deveria ser.
Eu parei diante da minha poltrona amarela, observando meu quarto: a cama, o guarda-roupa, a cômoda. Me senti invadida. Expus demais. E agora? Continuar? Me calar? Camila parecia à vontade, com mais de três taças d