Helena acordou naquela manhã com a sensação de que não podia mais continuar da mesma forma. Passara noites remoendo cada risada entre Adriano e Lígia, cada elogio do chefe que parecia apagá-la um pouco mais. O vazio em casa só reforçava essa sensação de perda: marido ausente, casamento gasto, filho que a amava incondicionalmente, mas exigia energia que ela já não sabia de onde tirar.
Mas havia uma certeza: não podia permitir que a vida profissional, seu único espaço de afirmação, fosse roubada sem luta.
No café da manhã, mandou uma mensagem curta para sua amiga Laura, colega de faculdade com quem ainda mantinha contato.
"Se tiver tempo hoje, preciso conversar."
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Encontraram-se no fim da tarde, em uma cafeteria discreta perto do trabalho. Laura a recebeu com aquele abraço firme de quem conhecia sua história desde cedo.
— Você está abatida, Lena. O que houve?
Helena suspirou, mexendo distraída no cappuccino.
— Me tiraram do projeto principal, colocaram outra pessoa no meu lug