A chuva fina caía desde a madrugada, lavando as ruas e dando ao amanhecer um ar cinzento, quase pesado.
Helena observava o portão da varanda enquanto o vapor do café subia da caneca.
O som da chuva a acalmava, mas o coração ainda batia acelerado.
Desde as ameaças, ela dormia pouco — cada ruído da casa parecia um aviso, cada farol passando na rua acendia um medo novo.
Adriano entrou na sala vestindo camisa azul-marinho e semblante tenso.
— Ele chega hoje — disse, sem rodeios.
— O Rafael? — Helena perguntou.
— Sim. Vem no voo das nove.
Ela assentiu, tentando esconder a apreensão. Não conhecia o tal amigo, mas confiava em Adriano.
Se ele dizia que Moretti era a melhor pessoa para resolver aquilo, ela acreditaria.
— E o Lucas? — perguntou ele.
— Marta o levou à escola. Disse que ia buscá-lo mais cedo.
— Ótimo. Quero que ela fique com ele à tarde. Até entendermos o que está acontecendo, vocês dois não saem sozinhos.
Helena abriu a boca para protestar, mas o olhar dele bastou p