A chuva começou fina, quase imperceptível, mas logo o céu desabou sobre a cidade.
Helena olhava pela janela da cozinha, as mãos apoiadas na bancada, tentando ignorar a sensação de aperto que não vinha apenas da barriga — vinha do medo.
Nos últimos dias, os recados haviam se tornado mais diretos.
Primeiro, uma mensagem anônima no celular:
> “Pare de se meter no que não entende.”
Depois, um bilhete preso no limpador do carro:
> “Você e seu filho não estão seguros.”
Ela não contou tudo a Adriano — pelo menos, não ainda. Ele já carregava tanto nas costas com a investigação, e ela sabia que qualquer nova ameaça o deixaria ainda mais à beira da fúria.
Mas naquele fim de tarde, quando o portão bateu com força e Lucas veio correndo, assustado, o coração dela quase parou.
— Mamãe! — o menino gritou, agarrando-se à perna dela. — Tinha um homem lá fora!
Helena gelou.
— Como assim, um homem?
— Ele tava parado na calçada, olhando pra casa. Quando eu olhei pra ele, ele sorri