O ar da noite estava denso, úmido, como se o próprio tempo tivesse parado para observar o reencontro.
Adriano estacionou o carro em frente ao antigo bar da esquina — o mesmo onde, anos antes, havia cruzado com Rodrigo pela primeira vez em uma confraternização da empresa.
Na época, Helena ainda era casada com ele, e os dois pareciam um casal tranquilo, de sorrisos calculados e olhares distantes.
Agora, o cenário era outro.
Rodrigo já o esperava, encostado no capô de um carro velho, cigarro entre os dedos, expressão de quem não se surpreendia com nada.
— Achei que você fosse mandar um e-mail, como todo bom executivo — ironizou, tragando devagar.
Adriano não respondeu. Apenas se aproximou.
— Precisamos conversar.
— Sobre o quê? Helena? — Rodrigo deu um meio sorriso. — Ela parece bem longe da sua alçada, não?
O soco veio quase sem aviso — não de violência, mas de raiva contida.
Adriano segurou o colarinho da camisa dele, encarando-o com os olhos duros.
— Não brinca c